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sexta-feira, 17 de abril de 2015

O PADRE


Marta é uma bonita e encantadora garota da cidade de Mistanásia. Cidade distante das grandes capitais, tão distante que nunca se deram o trabalho de coloca-la nos mapas. Alguns viajantes perdidos tropeçavam por lá. Marta não gostava de ir á igreja aos domingos. Nunca gostou, desde que seus pais ainda mandavam em seu nariz. Quando completou 16 anos resolveu morar sozinha, foi para o trailer de Andréia, uma cigana que aparecia por lá somente três vezes ao ano. Ficava quatro meses em cada visita.

Duas mulheres solteiras, morando juntas e sozinhas não era comum por ali. Falavam coisas sobre isto. Um domingo Marta resolveu aparecer na igreja. Saia rodada, decote e chinelas, seus cabelos negros e cheios eram muito perfumados. Atraía todo tipo de olhares. Desde os salientes aos mexiriqueiros. Sentou no último banco, ficou a admirar o belo e jovem rapaz que dizia versículos com muito entusiasmo. Este que ao vê-la sentada, sentiu como se o pecado acordasse dentro de si. Gaguejou em voz alta. Praguejou em pensamento.

 Padre Júnior era recém formado, a diocese havia-o mandado á Mistanásia por engano, e não tiveram contato com ele desde então. Um padre muito atraente, aos maus olhos. Nunca caíra em tentação, até agora... Marta tentava desvencilha-lo com os olhos. Padre Júnior evitava olhar pra ela, preferia direcionar seus olhos á Santa Margarida da Escócia esta, que segurava firme um crucifixo de Cristo e um cajado. Olhos baixos á seus fiéis. Seu nervosismo com a situação era aparente. Ao vê-la se levantar e sair, Padre Júnior se aliviara da tensão, sentia que isto poderia levantar falsos pensamentos sobre ele na pequena cidade. Seria um inferno para sua reputação. Fim da missa, cumprimentos alheios...

A igreja se fecha. Padre Júnior vai á seus aposentos. Uma pequena, simples e aconchegante casinha ao fundo da Igreja. Ao abrir a porta, sente cheiro de café recém preparado. – Soube que gosta de café padre. Marta diz em voz baixa. Padre Júnior não responde, está em choque com a inusitada situação.

Passado o tempo. Marta some da cidade. Padre Júnior não reza missas. Não sai de casa. Anda olhando em volta sempre. Sente medo. Uma noite, escuta-se relinchos altos, arrepiantes... Galopes ensurdecedores. A cidade treme. Padre Júnior olha pela janela, discretamente. Vê ao longe uma luz de fogo e fumaça em volta de um cavalo alto. Abaixa-se em seguida. Estava errado quanto ao animal. Era uma Mula muito alta... Ele reza alto. Sabe o que vai lhe acontecer.
Faz sinal da cruz. Implora seu perdão á Deus, pela maldição que cometeu com Marta.
 A jovem cigana.
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Douglas B.C. (01/04/2015)

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