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quinta-feira, 23 de abril de 2015

O XERIFE



Bigode é o responsável pela segurança da cidadezinha, desde que o Xerife Jerço morreu. Jerço era um exemplo á ser seguido, nunca deixara arruaceiro fazerem algazarra em Mistanásia. Prendera dois, dos mais famosos Foras da Lei que se perderam ali. Morreu de velho. Xerife Bigode era jovem ainda, recém-condecorado e mandado á prestar serviços em Mistanásia. Quando foi enviado, ficou á procura da cidade por mais de vinte dias. Quando se perdeu no caminho, encontrou a cidade.

Pela primeira vez tinha um caso pra resolver, esperava que não fosse um tão complicado quanto este, ou estes... Surgiram muitos de repente. Um padre fora brutalmente morto. Marta sumira dois dias antes de o padre morrer. A velha mendiga estava próxima ao corpo, ninguém a conhecia, a mesma escafedeu-se da mesma forma estranha que apareceu. Do nada. Na mesma semana um caminhoneiro registrou uma carta na delegacia. Dizendo ter sido vítima de um atentado, em uma noite em que se recolhia no leito de uma mata, á alguns dias de distancia da cidade. Descreveu o criminoso “era negro, tinha um gorro vermelho, fumava cachimbo, assobiava e sorria como o capeta, ainda me fez bigodes de carvão!”. –Você já viu o capeta sorrir senhor?! Perguntei encabulado. –Não. Mas se tivesse ouvido, ouviria esta risada – ele respondeu. Não me convenceu, parecia zombar da minha cara. Tentava ligar todos os estranhos fatos.

 A cidade agora estava em toque de recolher, todos estavam amedrontados. As mulheres ainda choravam pelo padre, os homens ansiavam pela volta de Marta e as crianças também estavam com medo. Nem todas. Pedrinho, Bernardo, Ana Clara, Enzo e Adrian ainda teimavam em não responder ao toque de recolher, tinham a idade entre oito e quatorze anos e uma energia incansável. E o pior de tudo, elas ficaram atiçadas por tudo aquilo e pelo que a velha mendiga disse. – Vocês estão condenados pelo pecado deste homem. A maldição caiu sobre esta região... A Mula está de volta depois de tantas gerações...” Xerife Bigode sentiu que não conseguiria resolver tudo aquilo sozinho, precisava de um assistente. E rápido. Os moradores dali já estavam bravos pela demora, e já tinha passado doze horas do velório de Padre Júnior.
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Douglas B.C.
(23/04/2015)

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